Nem todo herói usa capa

  • Por Tahnee Valzachi Sugano

Caros amigos da ciência,

nesta semana que passou, estive bastante ocupada com os módulos do curso de jornalismo científico elaborado pela equipe de difusão do NeuroMat para os bolsistas de JC. Boa parte do conteúdo envolve o uso da Wikipedia e outros serviços Wiki, como Wikimedia Commons, por exemplo, o que me fez ter um vislumbre de um mundo forjado por alguns e utilizado por quase todos. Como sou uma bolsista júnior em experiência acadêmica e sênior na idade, peguei a época de fazer trabalhos de escola indo à biblioteca e consultando as volumosas enciclopédias, como a Barsa, Larousse e a minha favorita, a Enciclopédia do estudante, da editora Abril. Hoje elas servem como itens de colecionador, ou peso de porta, muito por conta da iniciativa Wiki, o que é triste pra mídia impressa, mas muito empolgante para os estudantes em geral. No início da wiki, me lembro dos meus amigos comentarem com empolgação que qualquer um poderia editar as páginas da Wikipedia, mas a empolgação na época era porque poderiam inserir palavrões e desinformações aos verbetes e páginas. Hoje, a robustez do sistema é tão grande que se torna quase impossível que alguém faça isso sem que sua edição seja removida ou reprovada logo de cara. Digo tudo isso porque alguns dos módulos, particularmente o módulo II, propõe que editemos ao menos 15 mil caracteres em uma página de divulgação científica da Wikipedia e, meu deus, como foi difícil! Acabei por me empolgar e contribuí com quase 28 mil na página sobre a “Royal Society”, mas ainda quero terminar meu trabalho, que foi basicamente de tradução da língua inglesa para o português. A dificuldade não é exatamente em utilizar o sistema, que possui muitos vídeos tutoriais e uma interface fácil, mas sim em checar informações e buscar referências para quase cada frase inserida. De fato, é um trabalho jornalístico, que pode ser exercido por qualquer um, mas que exige muito empenho. Não sei quem são os contribuintes assíduos da Wiki, mas certamente são heróis sem capa! Por fim, convido vocês a utilizarem o extenso conhecimento que possuem para contribuir com um meio democrático (até onde a internet chega) de difusão de informação, capaz de atingir um número enorme de mentes sedentas e abrir caminho para futuros cientistas.
Até breve!

Matemático Claudio Landim fala sobre a 26ª Escola Brasileira de Probabilidade

*por Isabela Tosta Ferreira

Hoje eu tive a honra e a oportunidade de entrevistar o renomado matemático brasileiro Claudio Landim, diretor-adjunto do IMPA e coordenador da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).

Durante a entrevista, o professor Landim apresentou a 26ª edição da Escola Brasileira de Probabilidade”, que será realizada em homenagem ao professor Antonio Galves, na Universidade de São Paulo, de 30 de julho a 5 de agosto de 2023.

Como já comentei anteriormente, a Escola Brasileira de Probabilidade é um evento internacional tradicional do campo acadêmico da probabilidade que ocorre desde 1997. A EBP representa uma excelente oportunidade para pesquisadores e estudantes interagirem, além de terem contato com pessoas dos mais altos níveis na área. O evento consiste em cinco dias e meio de cursos, palestras, plenárias, workshops e sessões de pôsteres.

Claudio Landim, que é especialista em probabilidade e suas aplicações à física estatística, é um dos convidados do evento. Landim obteve seu doutorado na Universidade Paris VII em 1990, e já participou como palestrante convidado em importantes eventos como o Congresso Internacional de Matemáticos no Rio de Janeiro em 2018.

Durante a entrevista, o professor ressaltou a importância da Escola Brasileira de Probabilidade para a comunidade científica, não apenas pela oportunidade de interação e networking entre pesquisadores e estudantes, mas também pela contribuição significativa para o crescimento da área de probabilidade no Brasil. Ele ainda explicou a importância da homenagem ao professor Antonio Galves, considerado por Landim como “provavelmente o primeiro probabilista do Brasil”. O professor Galves completa 75 anos em 2023.

Para aqueles interessados em participar do evento, é importante lembrar que há incertezas sobre o financiamento federal, então é recomendado que se busque fontes locais de apoio financeiro, como as suas próprias instituições de origem e agências de fomento científico. Alunos e pesquisadores interessados que não conseguirem apoio financeiro em suas instituições devem entrar em contato com os organizadores.

A entrevista que o professor Claudio me concedeu faz parte da montagem do vídeo-divulgação da EBP, que também contará com a participação da pesquisadora Patricia Reynaud-Bouret.

Modos de Organização e Financiamento dos Sistemas de Pesquisa, no Brasil e no Exterior

*por Isabela Tosta Ferreira

O quinto e penúltimo módulo do curso de Jornalismo Científico traz um panorama sobre a pesquisa brasileira e internacional. No primeiro subtítulo do módulo, há uma tabela contendo diversos dados de pesquisa e desenvolvimento (P&D), desde quantidades de investimentos públicos e privados em pesquisa, número de pesquisadores por país, proporção de investimentos por país/região do mundo, entre outros.

É uma boa introdução ao tema, e embora ainda haja lacunas de informação sobre países mais distantes do norte global, há possibilidades de debate a partir dos dados.

Por exemplo, nota-se uma diferença entre o tipo de investimento em pesquisa feito no Brasil e nos Estados Unidos da América: enquanto aqui a maior quantia em dinheiro investida em pesquisas é oriunda dos cofres públicos, nos Estados Unidos é o setor privado quem detém a maior parcela de investimentos.

Também chama a atenção o dado sobre a ordem de investimentos em P&D por país:

A OCDE e o Instituto de Estatística da Unesco publicaram em 2016 uma pesquisa com o gasto mundial em P&D. Em 2013, o total foi de 1,7 trilhão de dólares, sendo que dez países representam 80% desse total. Na ordem: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Coreia do Sul, Índia, França, Reino Unido, Rússia e Canadá. Os EUA, líderes nesse quesito, investiram 473,4 bilhões de dólares, o equivalente a 2,7% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Desta perspectiva, porém, ninguém supera a Coreia do Sul, que investiu 4,3% de seu PIB, ou 91,6 bilhões de dólares.

Panorama mundial dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Módulo 5 curso Introdução ao Jornalismo Científico.

Para efeito de comparação, em 2015 o Brasil investiu 1,28% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, totalizando cerca de 76,5 bilhões de reais, dos quais 38,1 bilhões de reais, ou 0,64% do PIB, foram investimentos dos setores privados.

Ética na Ciência: vídeo no ar!

*por Isabela Tosta Ferreira

A conversa com o pesquisador Jean Carlos Ferreira dos Santos foi extremamente rica em debate, não apenas sobre questões da Ética da Ciência, mas também sobre a ciência aberta e os diversos debates que ela provoca.

Está no ar a primeira parte da conversa. É um trecho editado do pesquisador abordando alguns aspectos sobre a relação entre ética e ciência, sobretudo quando há impacto – ou contato – direto com pessoas na condição de pacientes ou objetos de estudo.

O vídeo está disponível no Wikimedia Commons e no YouTube, em licença livre.

Outros excertos da entrevista serão utilizados para o episódio de podcast da tarefa final do curso de Introdução ao Jornalismo Científico.

Entrevista com Jean Carlos Ferreira dos Santos – editando o vídeo

*por Isabela Tosta Ferreira

Na última sexta-feira, 02 de Setembro, o pesquisador Jean Carlos Ferreira dos Santos me concedeu uma breve entrevista sobre a temática da Ética da Ciência.

Conversamos sobre ciência aberta, reprodutibilidade e os desafios em relação à ética quando se fala de protocolos experimentais envolvendo seres humanos.

Jean me deu um verdadeiro testemunho sobre a experiência de acompanhar pesquisadores do NeuroMat não só nos trabalhos na sede, em São Paulo, mas também em núcleos fora do estado, como o Instituto de Neurologia Deolindo Couto.

Também conversamos sobre os desafios de se fazer uma etnografia focada em compreender a prática de ciência aberta sem poder intervir nas falas dos pesquisados a respeito do tema.

O vídeo editado deve sair em breve, publicarei por aqui, e quem sabe parte da entrevista também possa ser utilizada em outras tarefas do curso 🙂