Gênero, uma categoria útil de análise histórica

*por Isabela Tosta Ferreira

Para a a escrita do artigo, estou revisitando textos que abordam questões de gênero. Já tinha feito esse movimento para a seleção de mestrado neste ano de 2023, mas a releitura do texto “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”, da historiadora estadunidense Joan Scott, é uma contribuição importantíssima.

Em 1986, o termo “gênero” era utilizado majoritariamennte como um sinônimo para “mulher”. O texto de Scott debate a categoria e aponta seu caráter relacional.

No texto, Scott afirma que se há uma “história das mulheres”, é porque há também uma “história dos homens”, ou seja, a demarcação de uma especificidade aponta que há outra perspectiva sendo escondida, digamos assim. Desta forma, gênero se coloca como uma relação de percepção.

Assim, a autora propõe a utilização do termo gênero como uma categoria de análise no campo da história, como uma perspectiva interpretativa que busca olhar para os objetos investigados sob a ótica do gênero. Nascem dessa perspectiva análises que observam por exemplo os papéis femininos e os papéis masculinos em uma determinada sociedade ou ambiente.

O texto de Scott é uma verdadeira revolução acadêmica e instaurou o que se tornaria uma das grandes novas áreas de estudos das ciências humanas e sociais: os estudos de gênero. Ainda hoje, ele continua sendo um dos mais citados do mundo na área.

Nem todo herói usa capa

  • Por Tahnee Valzachi Sugano

Caros amigos da ciência,

nesta semana que passou, estive bastante ocupada com os módulos do curso de jornalismo científico elaborado pela equipe de difusão do NeuroMat para os bolsistas de JC. Boa parte do conteúdo envolve o uso da Wikipedia e outros serviços Wiki, como Wikimedia Commons, por exemplo, o que me fez ter um vislumbre de um mundo forjado por alguns e utilizado por quase todos. Como sou uma bolsista júnior em experiência acadêmica e sênior na idade, peguei a época de fazer trabalhos de escola indo à biblioteca e consultando as volumosas enciclopédias, como a Barsa, Larousse e a minha favorita, a Enciclopédia do estudante, da editora Abril. Hoje elas servem como itens de colecionador, ou peso de porta, muito por conta da iniciativa Wiki, o que é triste pra mídia impressa, mas muito empolgante para os estudantes em geral. No início da wiki, me lembro dos meus amigos comentarem com empolgação que qualquer um poderia editar as páginas da Wikipedia, mas a empolgação na época era porque poderiam inserir palavrões e desinformações aos verbetes e páginas. Hoje, a robustez do sistema é tão grande que se torna quase impossível que alguém faça isso sem que sua edição seja removida ou reprovada logo de cara. Digo tudo isso porque alguns dos módulos, particularmente o módulo II, propõe que editemos ao menos 15 mil caracteres em uma página de divulgação científica da Wikipedia e, meu deus, como foi difícil! Acabei por me empolgar e contribuí com quase 28 mil na página sobre a “Royal Society”, mas ainda quero terminar meu trabalho, que foi basicamente de tradução da língua inglesa para o português. A dificuldade não é exatamente em utilizar o sistema, que possui muitos vídeos tutoriais e uma interface fácil, mas sim em checar informações e buscar referências para quase cada frase inserida. De fato, é um trabalho jornalístico, que pode ser exercido por qualquer um, mas que exige muito empenho. Não sei quem são os contribuintes assíduos da Wiki, mas certamente são heróis sem capa! Por fim, convido vocês a utilizarem o extenso conhecimento que possuem para contribuir com um meio democrático (até onde a internet chega) de difusão de informação, capaz de atingir um número enorme de mentes sedentas e abrir caminho para futuros cientistas.
Até breve!

A atualização constante do curso de jornalismo científico na Wikiversidade

*por Isabela Tosta Ferreira

Um dos aspectos mais vantajosos da disponibilização de um curso na plataforma Wikiversidade é que a atualização dos conhecimentos na plataforma não precisa ser apenas um privilégio de quem desenvolve e coordena o curso.

Por ser uma plataforma wiki, trata-se de espaço aberto a constante intervenção – correções, ampliações nos subtítulos, adição de imagens… a lista de opções é vasta.

Dessa forma, a penúltima tarefa do curso traz uma proposta bastante interessante: cada estudante deve buscar dados de pesquisa – como valores de investimento a nível global ou quantidade de pesquisadores com doutorado por país – para adicionar às tabelas de 2 subtítulos do módulo 5, comentado anteriormente aqui.

Tabela de dados de pesquisa do Módulo 5

Além dessa adição de dados na tabela, demonstrada acima, a tarefa também solicita o desenvolvimento e publicação via Wikimedia Commons de um gráfico a partir dos dados encontrados. Dessa forma, cria-se conteúdo a partir da informação, já que os gráficos podem ser adicionados em outras páginas dentro dos projetos wiki, incluindo o próprio curso por onde a criação do gráfico foi proposta.

Abaixo é possível ver a minha contribuição. A partir do relatório da UNESCO sobre P&D divulgado em português em 2021, adicionei os principais responsáveis globalmente pelas publicações científicas no mundo em 2019.

Minha contribuição para os dados em P&D na forma de gráfico

A possibilidade de contribuir para o curso faz com que o processo de aprendizagem se torne muito mais dinâmico e colaborativo. É uma prática que, em minha opinião, seria muito bem vinda em outras formas de educação.

Ética na Ciência

*por Isabela Tosta Ferreira

O terceiro módulo do curso de Introdução ao Jornalismo Científico já foi comentado anteriormente pelo assunto da Ciência Aberta quando se fala em reprodutibilidade na ciência.

Outro aspecto interessante do curso foi conhecer um pouco das regulamentações em pesquisas envolvendo protocolos experimentais em pacientes.

Estes são regulamentados pelo Sistema CEP/Conep, que iniciou-se em 1988 com a publicação da Resolução CNS N° 01 de 1988, que estabeleceu que todas as instituições que realizassem pesquisa com seres humanos deveriam ter um Comitê de Ética. CEP significa Comitê de Ética em Pesquisa, e Conep é a abreviação de Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, que foi criada a partir de um grupo de trabalho designado para isso através da Resolução CNS N° 170 de 1995.

Esta etapa do curso cita, na forma de lista, os principais direitos e esclarecimentos que devem ser garantidos aos pacientes que participam de protocolos experimentais, de modo a garantir que estes tenham total conhecimento das atividades realizadas. Destaca-se a informação de que em qualquer etapa dos procedimentos, os pacientes têm garantido o direito de mudar de ideia e interromper a atividade voluntária como paciente teste.

O documento que os pacientes dos experimentos recebem se chama Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e todas as informações sobre a pesquisa que está sendo proposta, além de todos os direitos dos participantes acerca do uso de seus dados na pesquisa, estão contidos nele. A ideia do documento é proporcionar transparência e segurança para os voluntários.

O curso de Introdução ao Jornalismo Científico – atualizações no módulo 2

*por Isabela Tosta Ferreira

Os primeiros momentos do trabalho têm sido dedicados ao curso de Introdução ao Jornalismo Científico, desenvolvido dentro da plataforma Wikiversidade.

Durante a minha graduação, poucas vezes tive momentos de reflexão sobre o jornalismo científico ou a comunicação científica. Em praticamente todas as vezes em que refleti sobre algo semelhante ao tema, existia uma relação direta com a perspectiva de “extensão universitária”. Neste sentido, a formação está sendo muito bem-vinda, e tenho aprendido bastante.

Um aspecto que tem se destacado para mim nos últimos dias é a questão do debate historiográfico dentro da história da ciência. Como historiadora, existem alguns termos, e perspectivas de escrita que saltam mais aos olhos, seja de forma positiva ou negativa. E como em toda ciência, na história existem divergências e atualizações de consenso.

Assim, ao mesmo tempo em que estudo o Módulo 2 do curso, intitulado História da Ciência e da Tecnologia, estarei editando o curso, visando melhorá-lo do ponto de vista da historiografia, atualizando termos e reescrevendo trechos para que tornem-se mais acurados cientificamente.

É extremamente positivo que o curso seja hospedado na Wikiversidade, pois assim cada estudante/usuárie pode contribuir e melhorar os conteúdos, de acordo com os seus conhecimentos.