- Por Tahnee Valzachi Sugano
Entrei no NeuroMat num processo de luto generalizado, com um projeto que força todos os membros a encararem a perda na frente das câmeras. Tenho sido para muitos o lembrete vivo de que o Galves se foi. Acredito que a maioria tenha o desejo de honrar a memória dele e se esforçam ao máximo para contribuir, mas só podemos doar aquilo que temos e no momento o que boa parte parece ter é o abismo da ausência de alguém crucial e a confusão de ter que levar a vida normalmente sem saber quais serão os próximos passos. O frescor dos acontecimentos ajuda a contar uma história mais profunda e de uma forma bastante honesta, mas o custo é alto e imagino que as expectativas também sejam. Como falar do Galves e extrair o melhor que consigo, tendo sensibilidade de respeitar o processo de cada um?
Claudia Vargas e João Peschanski – Frame da entrevista
Esta semana gravei uma entrevista com Cláudia Vargas e João Peschanski, grandes amigos do Antonio e pesquisadores importantes no NeuroMat. A gravação foi um sucesso e me fez pensar e repensar em inúmeras questões do documentário. Cheguei em casa tarde da noite, após duas aulas na Física e demorei muito tempo para conseguir cair no sono. Minha cabeça rodava com ideias e projetos, fui contagiada pelo espírito Galves e tudo que planejava expandiu. Só consegui dormir depois de dois chás de camomila e de colocar as ideias no “papel”.
Na próxima semana tenho mais duas entrevistas marcadas e o desafio de compreender o que extrair de cada um. Tenho tido cada vez mais certeza de que entrevistas deste tipo devem ser sentidas muito mais do que roteirizadas, são uma caixinha de surpresas para o bem e para o mal. O material que eu planejo talvez não seja o que eu vá ter em mãos, mas como dizem no audiovisual: “Qualquer coisa, a gente resolve na pós.”